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Nota técnica do ISC-UFF e do grupo ‘GET-UFF contra Covid-19’

Postado por saudecoletiva em 01/maio/2020 -

Considerando a gravidade da pandemia COVID-19, as questões ainda sem resposta quanto à imunidade e terapêutica, a distância de uma vacina eficaz, o número elevado de óbitos mesmo em pessoas jovens e sem comorbidades, a escassez de recursos humanos, estrutura hospitalar e insumos, nós, professores e pesquisadores do Departamento de Epidemiologia e Bioestatística, do Instituto de Saúde Coletiva (ISC), da Universidade Federal Fluminense (UFF), e do grupo GET-UFF contra Covid-19, do Departamento de Estatística da UFF, e do inquérito epidemiológico de Niterói, apoiamos a manutenção do isolamento social.

Esta medida, embora com consequências econômicas, tem mostrado efetividade no achatamento da curva epidêmica da pandemia no mundo e em nível local. Dados preliminares de Niterói, uma das cidades que mais avançou em medidas de isolamento, indicam um importante impacto dessa medida, o que pode ser visualizado na Figura 1, com os casos confirmados acumulados de Covid-19 (escala logarítmica base 10) até 27 de abril no município de Niterói-RJ. O primeiro caso confirmado em Niterói ocorreu dia 5 de março de 2010 e até dia 27 de abril acumularam-se 282 casos. Todas as informações foram obtidas no painel do Estado do Rio de Janeiro, com última atualização para dia 27 de abril (http://painel.saude.rj.gov.br/), sendo os dados relativos a Niterói disponibilizados pela Coordenação de Vigilância em Saúde (Covig – Niterói – FMS).

Número acumulado de casos de Covid-19 ao longo do tempo em dois períodos no Município de Niterói
Figura 1: Número acumulado de casos de Covid-19 ao longo do tempo (calendário) em dois períodos no Município de Niterói

No período de 5 de março a 23 de março, o número de casos apresentou taxa de crescimento diário de 23,8%. O decreto estadual do dia 16 completou uma semana no dia 23 de março, justamente o dia do decreto do município de Niterói, que ampliou as medidas de restrição. Após o dia 23, o número de casos continuou crescendo, porém já se observou um declínio da velocidade de crescimento, caindo para uma taxa de 4,9% ao dia.

Apesar de haver uma sugestão de impacto positivo de redução da taxa diária de crescimento de casos confirmados (de 23,8% para 4,9%), possivelmente como resultado das medidas de isolamento social, essa taxa ainda se mostra elevada. Consideramos fundamental que o isolamento social continue para evitar um completo estrangulamento do sistema de saúde. Entendemos que qualquer flexibilização nos municípios, principalmente os que tenham integração de mão de obra trabalhadora, poderá acelerar a sobrecarga do sistema de saúde e o descontrole no número de casos graves e, consequentemente, de óbitos.

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