Postado por saudecoletiva em 17/jul/2020 -
O Estado do Rio de Janeiro vive um momento peculiar da pandemia de Covid-19. Nota-se que, a despeito de um elevado número básico de reprodução (R) em diversos municípios, assiste-se em diversos destes a flexibilização do distanciamento social. Este fato pode resultar em um aumento de casos e, eventualmente, de óbitos, o que pode ser observado no aumento, ainda que discreto, da média móvel dos últimos sete dias de casos na capital e nos municípios de Campos dos Goytacazes, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Macaé e São Gonçalo, para citar alguns exemplos. Ressalta-se que muitos municípios do interior do Estado não dispõem de serviços de saúde suficientes e/ou adequados para lidar especialmente com as formas graves da doença. Tais aspectos são fundamentais para subsidiar o processo de tomada de decisão de retorno das atividades acadêmicas presenciais nas universidades e institutos públicos localizados no Estado do Rio de Janeiro.
Entendemos que deveremos trabalhar o retorno das atividades em três etapas – remoto, semipresencial e presencial, e que tais etapas devem levar em consideração a situação da pandemia em nosso Estado, mas também a situação de cada uma das universidades e institutos de ensino superior públicos do Rio de Janeiro, cujas realidades são muito diferentes. Em particular, chamamos a atenção para algumas instituições mais jovens e/ou localizadas no interior do Estado, que não apresentam infraestrutura mínima necessária para dar suporte ao retorno das atividades na forma presencial ou remota. Tais universidades necessitam de recursos suplementares para fazer a inclusão digital dos alunos de maior vulnerabilidade socioeconômica, elemento essencial para o povoamento digital e retorno das atividades de ensino, pesquisa e extensão das instituições públicas localizadas no Estado. É fundamental que não se deixe ninguém para trás.
Assistimos, nesse momento, a organização da retomada das atividades acadêmicas remotas nas universidades e institutos. Tal tomada de decisão baseia-se no entendimento de que, em decorrência do exposto acima, é bastante improvável o retorno das atividades presenciais ainda no ano de 2020, e não sabemos quando isso ocorrerá. Entretanto, deve ser dada atenção especial aos alunos concluintes de cursos que não possam prescindir de atividades presenciais para a boa formação profissional, como os cursos da área da saúde, por exemplo. Para estes alunos, caso a instituição de ensino opte por seu retorno precoce, deve-se prover os equipamentos necessários para a proteção dos mesmos. Enfim, faz-se necessário o planejamento do retorno presencial, com base em premissas sanitárias que ofereçam segurança a toda a comunidade acadêmica, ou seja, estudantes, professores, técnico-administrativos e colaboradores terceirizados.
Assim, chamamos atenção para que as etapas de retomada das atividades remotas para semipresenciais e presenciais, além de levarem em consideração a evolução do número de casos, de óbitos e da capacidade dos serviços de saúde do Estado do Rio de Janeiro de absorverem pacientes com Covid-19, devem respeitar recomendações já plenamente estabelecidas em estudos técnico-científicos, a saber:
17 de julho de 2020
Comissão:
Aluisio Gomes da Silva Júnior – Universidade Federal Fluminense (UFF)
Claudia de Souza Lopes – Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Dolores Pereira Henriques da Silva de Souza – Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ)
Jessica Manya Bittencourt Dias Vieira – Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO)
João Marcelo Ramalho – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
Milton Masahiko Kanashiro – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
Roberto de Andrade Medronho – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Rodrigo Aires de Morais – Instituto Federal Fluminense (IFF)